Tudo começa com o sonho de deixar a sua marca enquanto estudante. Quem vive a vida estudantil querendo aprender vivências diferentes acaba por si só seguir por um caminho um tanto diferente. Fazer parte de uma tuna é muito mais do que cantar ou tocar, é participar no que de melhor o espírito académico tem: a união, o companheirismo, a vontade de deixar um legado que outras pessoas irão seguir e, acima de tudo, fazer parte do que é Coimbra na sua essência. O orgulho de quem pertence a uma Tuna transparece em cada actuação, em cada momento que o grupo se junta para dar o melhor de si.
(boa disposição numa das actuações da Quantunna)
K&Batuna, Quantunna – Tuna Mista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra - e Estudantina Universitária de Coimbra são três tunas diferentes mas que têm o objectivo comum de levar a cidade para todo o lado. Quer dentro de Portugal quer além-mar, todas cantam Coimbra, os seus hábitos, as suas gentes. Membro da K&Batuna e licenciada em Teatro na Escola Superior de Educação de Coimbra, Manuela Rocha confessa que “gostamos de tocar e cantar canções que reflectem o nosso quotidiano como estudantes de Coimbra, e claro, apanhar bebedeiras, saudáveis, juntos!”. A K&Batuna é a tuna mista da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) e dela fazem parte alunos da ESEC e antigos alunos que ficaram por Coimbra a trabalhar. A Quantunna é, igualmente, uma tuna mista mas esta pertence a uma faculdade da Universidade de Coimbra. Mário Alfaia, ensaiador da tuna e estudante de biologia, defende a sua tuna com muito apreço. Para ele a Quantunna “tem sido até agora uma tuna que defende ideais, como levar mais alto as vozes mistas”. João Peixoto, estudante de Comunicação e Design Multimédia e membro da Estudantina Universitária de Coimbra, define-a como “ um grupo de música mas acima de tudo um grupo de amigos, uma família.”.
Ambiente nos ensaios
Com um ambiente bem descontraído mas responsável, os ensaios decorrem com tranquilidade, diversão mas também com muito rigor. É importante que se ensaiem bem as músicas porque é através delas que as tunas vão mostrar o seu valor. “É um ambiente onde o rigor é importantíssimo e por isso um lugar serio, contudo animado” revela João Peixoto.
As actuações
Como é através das actuações que as tunas revelam o melhor de si, há sempre o cuidado de haver uma preparação prévia como o aquecimento vocal e, por vezes, aquecimento da garganta literalmente. Como é obvio não poderia faltar uma bebida ou outra para animar e distrair um pouco da tenção que se sente.
Como revela Mário Alfaia, “passado o nervoso miudinho, o ambiente em actuações normalmente muito bom.”.
A praxe
Nas três tunas está bem visível a praxe. Como manda a boa praxe coimbrã, existe uma hierarquia que, nas três é cumprida com o rigor necessário.
Na K&Batuna os níveis hierárquicos são: tuínos (mistura de tuno com suíno, ou seja, os caloiros), tuninhos, tunos, tunão. Este último praxa todos, incluindo os tunos. Os que mais sofrem com a praxe são os tuínos. A praxe não costuma ser muito dura, mas também não chega ao ponto de ser humilhante, ela apenas serve como forma de integração na tuna. A praxe existe, constantemente, tanto nas actuações como nos ensaios.
Já no caso da Quanttuna não há nenhuma praxe específica, salvo algum “ritual”, se assim se pode chamar, aquando da passagem de caloiros a Quantunnos. De resto, a praxe na Quantunna, para além de ir ao encontro com a Praxe da Academia Coimbrã, inclui o transporte dos instrumentos e material que é necessário para as suas actividades.
Na Estudantina há uma hierarquia: projecto, caloiro e estudantino. A praxe na estudantina, tal como noutros grupos do género, tem como vista a integração no grupo sendo um projecto alguém que chega e que pretende tocar e cantar no grupo. Passa de projecto a caloiro quando consegue acompanhar os estudantinos – quando já estão verdadeiramente integrados e consigam tocar e cantar as músicas – nas suas actuações.
Como defines a tua tuna?
Manuela Rocha - É uma tuna heterogénea. Existe todo o tipo de pessoas. Ela é constituída por elementos que são estudantes da ESEC, e por algumas pessoas que já acabaram os cursos e que ficaram em Coimbra a trabalhar. A minha tuna, a K&Batuna, é a maior!!!!! Apesar de haver a hierarquia de praxe, no fundo somos todos iguais, todos queremos passar um bom tempo juntos, como um grupo de amigos. Tocar e cantar canções que reflectem o nosso quotidiano como estudantes de Coimbra, e claro, apanhar bebedeiras, saudáveis, juntos.
(actuação K&Batuna)
João Peixoto - Sendo a estudantina uma estudantina e não uma tuna, posso definir que somos um grupo de música mas acima de tudo um grupo de amigos uma família.
Mário Alfaia - M - A minha tuna… Quantunna – Tuna Mista da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra! Foi e ainda é um projecto que acompanho desde o meu primeiro ano na universidade. É uma tuna (na minha opinião) muito divertida, com um espírito muito próprio. Tem sido até agora uma tuna que defende ideais, como levar mais alto as vozes mistas (e acredita que é um desafio muito grande, principalmente em Coimbra). A Quantunna tem 12 anos, idade complicada (crise da adolescência), mesmo assim não troco a Quantunna por qualquer outra tuna. Orgulho-me de ter dado à Quantunna uma boa parte da minha vida académica. E mais que isso, fica tudo o que já recebi e certamente ainda vou receber.
A paixão pelas tunas vem fazendo parte da alma coimbrã desde sempre e, dependendo da vontade destes três jovens, a tradição vai manter-se por muito mais tempo. Porque “por Coimbra não vai nada, nada, nada? TUDO!”